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Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, fá-lo também aqui na tua terra". Acrescentou depois: "Em verdade vos digo, nenhum profeta é bem recebido na sua pátria". São Lucas, IV, 23-24
A nota dominante da vitória de Merkel (ou Angie, para os recém-convertidos à fé merkeliana) é, sem dúvida alguma, o facto de as classes médias teutónicas, que vivem do trabalho e do livre empreendimento, terem sancionado o trabalho desenvolvido, nos últimos anos, pela flamante chanceler. Contrariando os ventos predominantes noutras paragens europeias, os alemães premiaram a evolução na continuidade. Nada que, no fundo, surpreenda. O povo alemão sempre prezou o rigor, a competência e o trabalho, e Merkel, cumprindo à risca o que prometeu ao seu eleitorado, conseguiu, numa campanha eleitoral curta e objectiva, reunir esses sentimentos fundos a um programa ideologicamente flexível. Ganhou a Alemanha e, diga-se a abono da verdade, ganharam, também, os restantes povos europeus. Quanto a Portugal, os resultados eleitorais devem ser lidos do seguinte modo: o programa de resgate é para continuar e, note-se, para aprofundar. Para quem ansiava por uma espécie de "degelo" nas relações Norte-Sul, a vitória de Merkel representou um profundo baque, pondo entre parênteses os anseios controladeiros da malta que vive do saque do contribuinte. Nessa medida, a banda esquerda do regime sofreu uma derrota insofismável. No tocante ao Governo, a interpretação anterior deve ser matizada. O executivo, atento o pensamento de Merkel e quejandos, não terá, doravante, outro remédio a não ser reforçar amplamente o seu empenho na correcção da trajectória de decadência trilhada pelos executivos anteriores. O compulsivo lema do "viver acima das suas possibilidades" findou de vez, pelo que a política portuguesa, no que tem de mais negativamente arraigado, terá, forçosamente, de mudar de vida. Porque, ao inverso do que agoiravam certas aves raras, os taumaturgos políticos não existem, ou, pelo menos, não existem de fora para dentro, impondo soluções miraculosas ao povo ignaro. Resta-nos, pois, trabalhar, esperando que, no futuro, venham melhores dias.
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